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domingo, 14 de novembro de 2010

Comentário sobre artigo intitulado "A Ingratidão de Lula", por não ter comparecido ao velório de seu algoz Romeu Tuma

Comentário sobre um Artigo que intitulou-se "A Ingratidão de Lula",
por não ter comparecido ao Velório de seu Algoz, Romeo Tuma.


Parece-me sem senso todo o teu escrito.

Desculpe-me adentrar numa conversa contigo, sem nunca sequer ter te conhecido.

Mas é que o absurdo do que escreveu chegou a causar-me asco.

Eu tenho um tio que, entre os muitos cargos policiais que ocupou no tempo da Ditadura, um deles, foi ter sido Diretor do DOPS do Piauí.

DOPS: Departamento de Ordem Pública e Social. Bonito nome. Mas não havia um bandido, nem ladrão, nem assaltante de banco, preso nas suas dependências.

Os presos não haviam cometido crime algum, que não fosse discordar do Regime Militar. E os que não eram torturados e mortos (como por exemplo "O Ingrato Lula") deveriam agradecer por estarem presos? E depois de libertados, deveriam nutrir imensa consideração por um favor ou outro que o carcereiro houvera feito?

Você já foi preso? Espero que não. Mas, e o pior; você já foi preso sem ter cometido crime algum?

Hoje você dirige seu carro por uma avenida. Alguma vez deve ter passado em frente a algum quartel do exército; Ou em frente a alguma praça que tenha um quartel. Nessas ocasiões, você reduziu a velocidade do seu veículo para 20 quilômetros por hora?

Se você tiver dirigido algum carro no tempo da Ditadura (ou estivesse no carro com o seu pai dirigindo) certamente o veículo reduziu a velocidade para 20 quilômetros por hora.

E sabe por que eu sei disso? Por que se o veículo não reduzisse a velocidade para 20 km por hora, o carro era fuzilado. E você, nem seu pai, me parece ser sobrevivente de algum fuzilamento.

E, noutro caso. Você, na época, vamos supor, sequer sabia do tal golpe militar, nem sabia das torturas que eram realizadas no DOPS e no DOI-CODI. Então um dia você viaja com um grupo de amigos, a férias ou a serviço. Digamos que tenha sido para Recife, por exemplo. Ao passear pela cidade, ficam deslumbrados com a beleza de uma de suas belas praças, e começam a tirar fotos, sem sequer saber que lá no fundo da praça, a uns 50 ou 100 metros, havia um quartel.

Sabe o que teria ocorrido?

Você e seus amigos seriam presos e torturados até confessarem que eram espiões da Resistência e que estavam fazendo um levantamento sobre as linhas de defesa do quartel. E iriam para o chamado "pau-de-arara" e depois para uma sessão de choques elétricos. Você confessaria? Ou não?

E se a viagem tivesse sido a serviço de algum órgão oficial, por exemplo, o seu chefe de departamento ia lá e libertava você e os outros funcionários, sem necessidade nem de advogado.

Agora pense! E se fosse uma viagem de férias? Chapolim talvez os fosse socorrer?

by Lustato Tenterrara
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"Escrito por ajosan"
- A ingratidão de Lula - Simplicíssimo (ver no Google Sidewiki)

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